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Voltar para a listagem11/04/2019
Com o intuito de informar e conscientizar a população mundial sobre o Parkinson, dia 11 de abril se instituiu o Dia Mundial da Doença de Parkinson. “Trata-se de uma doença neurodegenerativa, crônica e progressiva, que afeta funções primordiais do corpo, como os movimentos e o equilíbrio, e causa lentidão na mobilidade, tremores e rigidez muscular”, explica o neurocirurgião Dr. Eduardo Goellner.
A medida que a doença vai evoluindo, os sintomas aumentam e o paciente vai ficando mais debilitado, podendo ter efeitos além da mobilidade, como depressão e alteração do sono. Isso acontece porque a doença vai alterando e corrompendo o sistema nervoso central, fazendo com que a transmissão de mensagens entre as células nervosas seja comprometida.
O diagnóstico
Segundo dr. Goellner, o Parkinson nem sempre é uma doença fácil de ser diagnosticada. “Muitas vezes, o paciente apresenta apenas um sintoma de forma mais evidente, que pode ser a rigidez ou o tremor. Muitas pessoas acham que o tremor é o sintoma mais comum, mas nem sempre. O paciente pode iniciar com os primeiros sintomas de rigidez, e nem sempre o Parkinson é cogitado. O paciente pode ter Parkinson e tremer muito pouco. Isso varia muito de paciente para paciente”, alerta.
Para auxiliar no diagnóstico clínico, existem alguns exames que ajudam a fazer a análise. “Muitas vezes pedimos uma série de exames para excluir a possibilidade de outras doenças que não o Parkinson”, explica dr. Goellner.
O tratamento
O tratamento deve sempre ser acompanhado de medicação, e este é um dos fatores da importância de um neurologista clínico para tratar e poder usar a medicação certa para cada paciente.
Nos casos em que a doença está bem avançada, que o paciente tem muita limitação pela doença e não existem mais recursos de medicamentos ou fisioterapia, entra a cirurgia. “A cirurgia nunca vai ser o primeiro recurso, ela não é a cura, pois infelizmente esta doença não tem cura. Ela é mais um passo para o tratamento. A cirurgia diminui os efeitos colaterais da medicação e aumenta a independência do paciente, que passa a ter um melhor controle dos seus movimentos. Mas é importante destacar que a maioria dos pacientes que tem Parkinson não precisa de cirurgia, pode tratar com fisioterapia, reabilitação, medicação”.
A cirurgia
Uma das cirurgias que são feitas nos pacientes de Parkinson é o Estimulador Cerebral de Profundidade, ou Neuroestimulador Cerebral. A técnica utiliza um eletrodo dentro do cérebro em um local bem específico que está alterado. O eletrodo tem o papel de regular a transmissão entre os neurônios desta área, pois como é uma área doente, ela está enviando estímulos errados que comprometem o funcionamento normal do sistema nervoso. “O eletrodo é conectado a um gerador que fica no tórax, similar a um marcapasso cardíaco. Então a medida que a doença evolui conseguimos mudar os padrões de estimulação para tentar controlar melhor a doença”, explica.
O ambulatório de distúrbios do movimento
Para agilizar e aprimorar o diagnóstico e tratamento de doenças neurológicas que têm em comum alguma alteração na movimentação do corpo, o Hospital Mãe de Deus implantou o Ambulatório de Distúrbios do Movimento, que funciona junto ao Ambulatório de Especialidades. Um dos principais diferenciais do Ambulatório é que ele oferece uma equipe multidisciplinar ao paciente. “O paciente que chega é atendido por um neurologista clínico que fará a coordenação de todo o tratamento: com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, neurocirurgião, dependendo de cada caso. O tratamento e os procedimentos que fazemos aqui, como o implante de estimulador cerebral é semelhante aos feitos nos melhores hospitais do mundo. Oferecemos aos pacientes o que há de melhor”, finaliza dr. Goellner.
Vivendo de bem com a doença há 29 anos
Ana Lúcia Ribeiro Figueira tem 61 anos e há 29 foi diagnosticada com Parkinson. “Descobri o Parkinson com 32 anos. Não foi um diagnóstico fácil. O primeiro sintoma apareceu quando eu tinha 26 anos. Fui me abaixar para pegar uma caixa no porta malas do meu carro e travei. Fui para emergência e a lesão foi tratada como um trauma. Depois de alguns meses deste episódio, travei novamente enquanto estava em um avião. Os episódios começaram a se repetir. O corpo começou a endurecer, comecei a sentir dores muito sérias”, descreve Ana.
Em 2014, quando a doença se agravou, Ana foi encaminhada para cirurgia de implante de estimulador cerebral, com o Dr. Eduardo Goeller. “Para mim, a cirurgia funcionou como uma fórmula mágica, que mudou minha rotina. Agora, consigo caminhar muito melhor, ando sozinha, me visto, tomo banho. Faço coisas que não fazia mais em função do estágio avançado da minha doença”, comemora.
Para as pessoas que receberam o diagnóstico e estão aprendendo a lidar com a doença, Ana tem um conselho que considera fundamental: “faça exercícios. Não pare, não se entregue. Cultive relações, não se afaste das pessoas, pois se você deixar a depressão tomar conta da sua vida terá que lidar com mais uma doença. Uma coisa eu garanto, para você manter a sua qualidade de vida, é preciso aprender a conviver com a doença da melhor forma possível”.