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Voltar para a listagem14/12/2020
Em uma transmissão ao vivo realizada na manhã deste sábado (12/12) para toda a América Latina, o Hospital Mãe de Deus (HMD) tornou-se a primeira instituição médica do país a utilizar uma nova prótese auto expansível para o tratamento da estenose aórtica – quadro caracterizado pelo estreitamento da válvula aórtica. O procedimento, conhecido como Implante Transcateter de Válvula Aórtica (TAVI), foi realizado e coordenado pelo cirurgião cardiovascular do Corpo Clínico, Dr. Eduardo Saadi. Cerca de 700 médicos acompanharam a cirurgia virtualmente.
Desde 2009, o serviço de Cirurgia Cardiovascular e o Centro da Aorta do HMD são referências no país – motivo pelo qual o Hospital foi escolhido para realizar a transmissão de “estreia” da nova prótese.
Graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Dr. Saadi é professor titular em Cirurgia Cardiovascular e Endovascular na instituição federal – onde também possui Mestrado e Doutorado em Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular –, e membro especialista e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) e da European Association for Cardiothoracic Surgery (EACTS).
A válvula aórtica funciona como uma “porta” que controla o fluxo de sangue desde o ventrículo esquerdo do coração até a artéria aorta. Devido ao seu estreitamento, ela acaba não realizando sua função corretamente, prejudicando o bombeamento de sangue, podendo evoluir para uma insuficiência cardíaca.
Sendo assim, é função do TAVI posicionar a prótese no local da válvula doente para regularizar o fluxo sanguíneo. O procedimento já era amplamente utilizado por tratar-se de uma alternativa menos invasiva do que a cirurgia convencional. Porém, diferentemente dos modelos anteriores, a nova prótese auto expansível utilizada no sábado proporciona, principalmente, uma melhora na recuperação do paciente.
“A nova prótese possui uma saia pericárdio em sua base que interage com o cálcio da válvula doente. Assim, ela evita vazamentos na região que possam vir a ocorrer em alguns casos. Esses vazamentos tinham relação direta com a mortalidade, prejudicando a recuperação do paciente após o procedimento”, aponta Dr. Saadi.
A estenose aórtica ocorre principalmente em indivíduos com mais de 70 anos, gerando sintomas como dor no peito, cansaço ou desmaios. Até o início dos anos 2000, a cirurgia convencional era o principal tratamento contra o quadro. Porém, o procedimento oferecia riscos aos pacientes nessa faixa etária.
A partir do primeiro TAVI (sigla em inglês para Transcatheter Aortic Valve Implantation) – realizado na Europa em 2002, e popularizado no Brasil em 2008 –, foi possível a introdução de um procedimento menos invasivo, com mais benefícios aos pacientes.
"Usamos a cirurgia convencional até hoje, mas ainda segue sendo o procedimento mais agressivo e com uma recuperação mais lenta. O TAVI é muito menos invasivo, podendo ser feito sem anestesia geral, com um tempo de recuperação no hospital entre um e dois dias", ressalta Dr. Saadi.
O procedimento pode ser feito de duas formas, transfemoral ou transapical. Ambas tem como objetivo posicionar as próteses no local da válvula doente. Veja como cada uma funciona:
Transfemoral: usado em 95% dos casos, o procedimento é todo feito pela virilha, com a prótese sendo implantada por cateteres introduzidos na artéria femoral e seguindo até o coração. Assim, a válvula doente é dilatada por um balão e a prótese é implantada
Transapical: menos utilizado, o procedimento consiste em uma pequena incisão do lado esquerdo do tórax, abaixo do mamilo. Assim, o cateter com a prótese é introduzido diretamente no coração.
As próteses se dividem em dois grupos distintos, podendo ser expandidas por meio de um balão, ou as chamadas auto expansíveis.
De acordo com Dr. Saadi, os pacientes que realizam o procedimento podem ficar no máximo até dois dias em observação no hospital. Logo em seguida, podem seguir suas vidas normais. A prótese não necessita de troca, podendo ser usada até o final da vida do paciente. O cirurgião cardiovascular somente reforça que um acompanhamento periódico deve ser seguido de seis em seis meses, ou anualmente.