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Voltar para a listagem28/06/2022
A veia porta é responsável por levar entre 70% e 80% do sangue que chega ao fígado, trazendo os nutrientes que são absorvidos para metabolização no órgão. Por isso, qualquer interrupção no local traz grandes impactos para o organismo, podendo ser fatal. Em muitos casos, os tratamentos paliativos são os mais utilizados, por desconhecimento de uma técnica minimamente invasiva chamada recanalização da veia porta. O Hospital Mãe de Deus oferece esta alternativa capaz de solucionar este problema através do reestabelecimento do fluxo no local.
Como funciona o processo?
Quando ocorre uma trombose na veia porta, cria-se um coágulo, que oclui a passagem do sangue pelo caminho natural. Com isso, o corpo precisa encontrar vias alternativas. Ele passa a usar veias colaterais que não estão preparadas para receber esse aporte maior de sangue, causando a sua dilatação e o surgimento de varizes, normalmente, localizadas no estômago, no esôfago, no duodeno, no intestino delgado e até no intestino grosso.
Esse distúrbio é mais comum em pacientes com distúrbios hematológicos e cirróticos, mulheres que usam anticoncepcionais e pessoas com complicação no pós-operatório. Esse é o caso do Ivan Quevedo Iribarri. Após uma cirurgia de vesícula realizada em 1997, a sua veia porta ficou obstruída, provocando o surgimento de varizes. Durante todos esses anos, ele precisou realizar tratamentos paliativos, como cauterizações e aplicação de argônio, para reduzir e controlar esse problema. No entanto, essas alternativas atacam somente a consequência e não a causa, não resolvendo a questão de forma permanente.
“Com as varizes, não importa o local, sempre temos o risco da formação de úlcera e essa parede mais fragilizada pode sangrar. O sangramento pode se tornar uma emergência médica, levando inclusive à morte. É sempre um risco, uma bomba relógio. Ele pode estar em algum lugar, começar a sangrar e não ter tempo de procurar auxílio médico”, explica o cirurgião e radiologista intervencionista, coordenador do Centro de Medicina Intervencionista do Hospital Mãe de Deus, Dr. Eduardo Medronha.
Recanalização da veia porta: conheça o procedimento
A recanalização permite oferecer uma solução a longo prazo para o problema. O procedimento recria o trajeto que estava ocluído, trazendo o sangue de novo para o fígado. Sem cortes, utilizando apenas punções na parede abdominal e na jugular, é feita uma ponte, através de próteses e stents, por dentro do fígado comunicando a veia porta até as veias supra-hepáticas. Esse processo reduz a pressão no sistema e, consequentemente, as varizes e o risco de sangramento.
“Essa técnica ainda é pouco disseminada no Brasil, muitos pacientes, e até médicos, não o conhecem. A indicação deve ser precisa, mas ele traz ótimos resultados, ajudando a reduzir, além do sangramento, outros sintomas provocados por essa obstrução, como a congestão do intestino, líquido no abdome, entre outros”, salienta Dr. Medronha.
“Os resultados são positivos, já não existe mais processo de rejeição, estou me sentindo ótimo, muito bem, graças a Deus, e quase 100% recuperado. Agora, a expectativa é de vida normal, com cuidados, mas mais tranquilo”, ressalta Ivan.