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13/07/2021

O que é a parada cardíaca súbita

Diretor Médico do HMD, Dr. Euler Manenti explica sobre o caso

 

Fonte: GZH

A Eurocopa — o campeonato europeu de seleções de futebol – ficou marcada por um dos casos de maior emergência da medicina: a parada cardíaca súbita. Foi o que aconteceu com Christian Eriksen, jogador de 29 anos da Dinamarca, em uma partida contra a Finlândia. Televisionado para praticamente todo o mundo, este drama chamou atenção e levantou dúvidas.

Esse tipo de situação não é tão incomum no Brasil, onde mais de 320 mil mortes súbitas ocorrem todos os anos — apenas cerca de 10% das pessoas sobrevivem a uma parada cardíaca assim. O tratamento rápido é muito importante porque, para cada minuto que passa sem atendimento, a chance de uma pessoa resistir cai até 10%.

Entre as perguntas suscitadas pelo caso Eriksen, estão: é o mesmo que um ataque cardíaco? Se também chamam de “morte súbita”, como trouxeram o jogador à vida novamente? É causada por doenças ou condições de saúde prévias? Dr. Euler Manenti, Diretor Médico do Hospital Mãe de Deus, cardiologista e intensivista, explica algumas questões.

A diferença para o ataque cardíaco


A parada cardíaca súbita ocorre quando o coração para de bater repentinamente e não deve ser confundida com um ataque cardíaco.

Durante um ataque cardíaco, o suprimento de sangue ao músculo cardíaco é reduzido ou bloqueado, mas o coração continua batendo. No entanto, pode haver danos ao músculo cardíaco. Normalmente, a pessoa sabe que algo está acontecendo e pode falar sobre seus sintomas.

Durante uma parada cardíaca, entretanto, o sistema elétrico do coração dá uma espécie de pane, e o coração para de bombear sangue. Pense na maneira como as luzes piscam antes que a energia seja cortada. Geralmente, a pessoa está inconsciente, e o pulso pode não ser encontrado.

Há relação entre o ataque e a parada?


A relação entre os eventos pode existir. Em alguns casos, um ataque cardíaco pode desencadear os problemas elétricos que causam a parada cardíaca súbita. Mas esses fatos não precisam acontecer ao mesmo tempo.

Sabe-se que sobreviventes de ataque cardíaco têm quatro a seis vezes mais probabilidade de ter morte súbita do que a população em geral.

Quem pode ser acometido?


A chamada “morte súbita” pode acontecer a qualquer pessoa, em qualquer idade, e mesmo sem doenças cardíacas. Mas cerca de 80% dos casos são devido à doença arterial coronariana. Além disso, é mais provável quando existe uma história de morte súbita na família: pai, filho ou irmão.

Condições de risco

  • Doença coronariana (problemas nas artérias do coração, principalmente em fases agudas)
  • Angina instável e infarto do miocárdio
  • Mudanças estruturais no coração (por exemplo, um músculo cardíaco hipertrofiado ou um coração dilatado, o também chamado “coração grande”)
  • Insuficiência cardíaca (função de bombeamento reduzida)
  • Ataque cardíaco (75% das pessoas que sofrem parada cardíaca súbita tiveram um ataque cardíaco, muitos dos quais não foram diagnosticados)
  • Estresse físico, como trauma, perda de sangue, desidratação, desequilíbrio eletrolítico ou, em casos raros, atividade física muito intensa
  • Problemas cardíacos congênitos

Como reconhecer uma parada cardíaca súbita


Em geral, o primeiro sinal é desmaiar ou parecer estar sem vida. Você pode não sentir o pulso da pessoa.

E como agir diante de um caso desses?


Metade das vítimas não tem alguém por perto para ajudar. Sem uma ação rápida para reviver o coração, a pessoa pode morrer em minutos. É vital aplicar manobras de ressuscitação (leia abaixo) e um choque elétrico para restaurar o batimento cardíaco normal o mais rápido possível. Siga estes passos:

  • Ligue imediatamente para o 191 ou peça para outra pessoa ligar
  • Confira se outra pessoa próxima está disponível, peça que ela procure um desfibrilador externo automático (DEA) e tente manobras de ressuscitação enquanto isso
  • Um DEA é um dispositivo portátil que pode detectar uma alteração prejudicial no ritmo cardíaco (arritmia) e dar um choque elétrico, chamado de desfibrilação. Os DAE deveriam estar disponíveis em muitos locais, incluindo shoppings, quadras esportivas, aeroportos, centros comunitários e prédios de escritórios. São encontrados também em ambulâncias
  • O tratamento eficaz para um evento de parada cardíaca é restaurar o ritmo normal do coração por meio de um desfibrilador como o DEA, que pode ser usado por leigos.

A manobra de ressuscitação

  • A falta de um desfibrilador não deve atrasar o tratamento pelas pessoas próximas à vítima. Manobras imediatas de ressuscitação melhoram significativamente as chances de sobrevivência:
  • Ao lado da vítima, de joelhos, posicione os braços estendidos, com os dedos entrelaçados, no centro do tórax
  • Com o peso do seu corpo, faça compressões rápidas e fortes (a profundidade deve ser de pelo menos 5cm)
  • A frequência deve ser de 100 a 120 por minuto – ou cerca de cinco a cada 3 segundos
  • Certifique-se de que, entre cada compressão, a pressão seja totalmente reduzida e o peito volte à posição normal
  • Tente fazer até a chegada do Samu ou da ajuda de um DEA