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Voltar para a listagem31/07/2020
I Webinário “Profissionais com Covid-19: aprendizado como paciente”, promovido pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Mãe de Deus
Uma oportunidade para ir além das estruturas hospitalares e da dureza dos números para chegar até as pessoas. Foi dessa forma que o webinário “Profissionais com Covid-19: aprendizado como paciente”, promovido pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Mãe de Deus, abordou temas como ética profissional, empatia, estresse e divulgação científica. O sucesso da iniciativa, ocorrida no último dia 23, motivou uma segunda edição, que ocorre no dia 6 de agosto, a partir das 19h, no canal institucional do Hospital no Youtube.
Os convidados deste novo encontro online serão Otávio Augustin – Farmacêutico; Jucelmari de Almeida – Tecnólogo em Radiologia; Thales Lafayette – Técnico de Enfermagem; Mariele Chrischon – Administradora; Renata Maffacioli - Médica Emergencista, e a mediação ficará a cargo Paulo Bobek – Médico Pediatra. Os profissionais representam os segmentos de saúde nas redes pública e privada.
No primeiro evento, os entrevistados compartilharam suas experiências e sentimentos ao serem diagnosticados com o vírus e o que mudou ao retornarem às suas atividades. A íntegra dos depoimentos pode ser acessada abaixo:
Recuperação como oportunidade de divulgação científica
O bioquímico, professor e pesquisador da UFRGS, Fábio Klamt foi infectado em março, ficou internado e, após a alta, debruçou-se sobre suas pesquisas para contribuir. Ele doou seu plasma convalescente para o primeiro paciente de UTI do Rio Grande do Sul, que esteve por mais de 30 dias em UTI. O receptor recuperou-se e Klamt segue como entusiasta da ciência para terapêuticas seguras. “Vi que tem eficácia e melhora total na recuperação do paciente. Os testes mostraram que é seguro. É tarefa do cientista, do profissional de saúde do País, divulgar pesquisas e a informação correta para a sociedade”, destacou.
Entendendo o significado de empatia
A fisioterapeuta Eunice Pufal, que atua na área oncológica, relembrou a o medo inicial. “Perdi totalmente o olfato e o paladar. Sentia muito cansaço. Esses pontos mudaram minha forma de lidar com as pessoas que cuido. Agora, posso falar: eu passei por isso, eu sei como é. O paciente se conecta de uma maneira bem diferente”, relata. Para ela, o principal legado da covid-19 é a consciência da proteção no ambiente de trabalho e a compreensão sobre a necessidade dos pacientes de conversar.
Da montagem da Emergência ao preconceito de colegas
A enfermeira Karen Weingaertner del Mauro, que agora trabalha na saúde pública, passou por situações tensas. Ela ajudou a montar uma unidade, em um hospital, para receber pessoas com coronavírus. “As ambulâncias queriam deixá-los e sair. Fiquei 45 dias na Emergência recebendo pessoas com diagnóstico de covid-19 e me contaminei área clínica, onde não era para ter Covid”, recorda. Após iniciar o isolamento, os sintomas se agravaram e a confirmação de seu teste demorou duas semanas. “No início, foram quatro dias em que eu quase morri. Não tinha apetite, vomitava, tinha diarreia. Quando voltei, alguns diziam para me afastar. Mas também recebi abraços. Essas pessoas que me fizeram erguer a cabeça e continuar”, revela.
Do receio à retomada
Priscila Rocha dos Santos, biomédica, trabalha com medicina diagnóstica. “Queria acreditar que não era comigo. Tenho filho pequeno. A gente vai para o isolamento e, até a saída do resultado, se pergunta: onde foi? Somos profissionais da saúde, mas somos seres humanos. Eu chorei”, conta. Muitas pessoas perto dela foram contaminadas. “Voltei e fiquei muito feliz em saber que estou ali para ajudar. Temos um propósito de vida, mesmo vendo os colegas sendo afastados. Hoje posso dizer que já passei por isso”, finaliza.
Situação no Hospital Mãe de Deus
Na última semana de julho, cerca de 50 profissionais (2,3% do quadro funcional do Hospital) estavam afastados com confirmação de covid-19. Existe um acompanhamento contínuo das áreas de Qualidade e Segurança do Hospital Mãe de Deus e do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina de Trabalho da mantenedora, Associação Educadora São Carlos (AESC), para atuar de forma ágil e assertiva.
Desde o início da pandemia são promovidas ações para ampliar os cuidados junto aos funcionários, além do fornecimento de EPIs. Entre elas, destacam-se: apoio psicológico; Teleorientação gratuita Covid-19 sobre sintomas, para quem está em casa; incentivo às lideranças para a realização de triagem diária das equipes; e brigadistas covid-19 – grupo que percorre as áreas hospitalares para conferir se os cuidados estão sendo tomados por todos. Também estão sendo promovidos vídeos educativos para situações tanto e fora do Hospital.